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Pesca esportiva, o potencial das águas do Brasil – O potencial do setor da pesca esportiva

Segundo o Sebrae, a pesca esportiva é um setor que está começando no Brasil e já movimenta cerca de  R$1 bilhão anualmente no país. Embora esteja relacionada ao turismo, que é o setor econômico que mais cresce no mundo, ainda tem uma exploração muito pequena no Brasil, e o aproveitamento do seu nicho permanece superficial. O Ministério do Meio Ambiente estima que a pesca amadora gera por ano U$ 8,2 bilhões na Alemanha; U$ 6,2 bilhões na Inglaterra e país de Gales; U$24 bilhões nos EUA; e U$ 5 bilhões no Canadá.

Crescimento do Setor

A pesca esportiva vem crescendo segundo a consultoria Ipsos l Marplan (2010). As pessoas com hábito de pesca passaram de 4 milhões para 7,8 milhões em um período de dez anos. Dados do antigo Ministério da Aquicultura e Pesca (MAP) mostram que a emissão de licenças para pesca amadora vem apresentando uma tendência de crescimento, atingindo um ápice de cerca de 450 mil licenças em 2014, isso sem considerar os 6 milhões de pescadores amadores em situação irregular, segundo a Embratur em 2011.  A média dos torneios de pesca aprovados pelo Ministério da Pesca e Aquicultura também foi elevada no período de 2012 a 2015: 27 torneios em 2012, 201 torneios em 2013, 222 torneios em 2014 e 72 em 2015. Os pescadores artesanais cadastrados, por sua vez, contabilizam 825.000 no primeiro semestre de 2017.

O setor movimenta diversas áreas, como o setor hoteleiro e de gastronomia, lojas de pesca, a indústria náutica, a indústria metalúrgica, guias especializados em pesca, além de criadores de iscas vivas, entre outros. Essa atividade gera em torno de 200 mil empregos diretos e indiretos, diz a Associação Nacional de Ecologia e Pesca Esportiva (ANEPE).

Ainda segundo a ANEPE, os esportes náuticos têm uma parte do mercado de motores e embarcações que é destinada apenas a eles. Como se pode observar, 80% dos 40 mil motores de popa produzidos anualmente no Brasil são para o mercado de pesca.

O setor do turismo e sua cadeia produtiva estão intimamente vinculados com a prática da pesca esportiva. O potencial dessa relação é ampliado, uma vez que a pesca esportiva se beneficia tanto do turismo nacional como do internacional.

Embora o perfil do turista internacional seja bem diferente do perfil nacional, podemos ter uma noção sobre ele, tomando como base estudo feito pelo Ministério do Turismo chamado Demanda Turística Internacional 2011-2015. Esse estudo foi feito com base nas opiniões de turistas internacionais que visitaram o Brasil nesse intervalo. No segmento de turismo internacional, a categoria Lazer aparece como primeira ( média de 49,14%) no ranking de motivos de viagem feitas ao Brasil. Natureza, Ecotursimo e Aventura aparecem como a segunda principal motivação (dentro da categoria lazer) dos turistas internacionais, com média de 18,68% (exceto no ano da Copa de 2014). Perguntados se têm intenção de retornar ao Brasil, a média dos que responderam que sim foi de 95,56%. Todos os resultados indicam aumento com relação à medição feita pelo estudo anterior (2004-2008).

No tocante ao tipo de alojamento utilizado pelos turistas internacionais, em média, 49,98% ficaram em hotéis, flats ou pousadas, e 28,64% se basearam em informações advindas de amigos e parentes para organizarem a viagem. Esses últimos dados ressaltam a importância de permanecermos passando uma boa impressão para os turista e de estratégias de fidelização (  MTur), bem como do potencial a ser explorado no setor da pesca esportiva, uma vez que o lazer, Ecoturismo, Natureza e Aventura aparecem como importantes fatores de motivo e motivação dos turistas internacionais. Fica destacada também a importância da internet como fonte de informação utilizada para organização das viagens 37,94%, passando a ocupar o primeiro lugar, pois no estudo anterior a principal fonte de informação utilizada para organizar a viagem era a categoria Amigos e Parentes ( que agora ocupa o segundo lugar, com média de 28,64%).

Perfil do pescador esportivo

Como se trata de um segmento ainda novo, os dados disponíveis ainda não são abundantes. Um dos melhores conjuntos de dados disponíveis sobre o segmento data de 2009 e foi coletado pelo MTur. Felizmente (como já vimos) sabe-se que o número de licenças de pesca amadora continuou a crescer com os dados que foram até 2014. Sendo assim, a tendência é que os números continuem a crescer de forma a ultrapassar os apresentados nesta pesquisa.

  • Em 2009 as licenças emitidas por região foram respectivamente: Norte 5%, Nordeste 22%, Centro-Oeste 2%, Sudeste 51% e Sul 22%.
  • Faixa etária: 56,20% se encontram entre 31 e 50 anos, e 29% entre 51 e 70 anos.
  • Sexo: masculino 95,55%.
  • Principais meios de hospedagem escolhidos: 37,59% hotel/ pousada de pesca, 44,46% casa de parentes e amigos, 39,72% camping.
  • Gasto médio por pescaria: R$ 300.
  • Frequência dos ambientes de realização da pesca:
  • alto mar: 9,16%
  • manguezal: 3,43%
  • pesque e pague: 34,65%
  • praias e costões: 17,25%
  • reservatórios: 15,28%
  • rios e lagos: 86,64%
  • Com que Frequência a pesca é realizada:
  • 1 vez por ano: 9,50%
  • 2 vezes por ano: 13,20%
  • mais de 2 vezes por ano: 28,50%
  • 1 vez por mês: 33,40%
  • toda semana: 15,40%
  • Mercado Online

Outro fato digno de ser salientado é que o mercado online para produtos de pesca também tem potencial a ser explorado.  Segundo  a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada no ano de 2014 através do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), 54,95% das casas brasileiras tem conexão com a internet; 76% das casas tem computadores; e os smartphones, presente em 80% das casas, se tornou o principal meio de acesso à internet no Brasil, superando os computadores.

Esse novo cenário indica uma maior oportunidade para as vendas online de produtos de pesca e de divulgação do setor como um todo.

O MAP divulgou pesquisa que abordou também o impacto econômico dos equipamentos de pesca no 1° Torneio Nacional de Pesca Esportiva (2013). Segundo essa pesquisa, 21% das compras de equipamentos de pesca ocorreram online, sendo: 14% em sites nacionais, 4% em sites internacionais, e 3% em fóruns de pesca. Vale lembrar que a pesca esportiva é um setor em crescimento, e também que a internet teve um peso significativo como fonte de informação utilizada para organização das viagens dos turistas internacionais que vieram ao Brasil entre 2011 e 2015.

Riqueza Natural

Grande parte do potencial que o Brasil tem para o setor é devido a sua riqueza em recursos naturais. O Brasil apresenta: 100 espécies de peixes com valor “esportivo”, cerca de 8.500 km de extensão costeira,  35.000 km de rios navegáveis, vasta diversidade de biomas (o que diversifica as possibilidades e cenários da pesca), por volta de 343 represas, 173 hidrelétricas- uma quantidade que ultrapassa facilmente 600 ilhas em todo país- 86 unidades de conservação marinhas, 1.244.444 hectares de áreas de mangue. O Brasil também possui 14% das reservas de água doce do planeta, sendo suas bacias hidrográficas :

  • Bacia Hidrográfica Amazônica

com área de 3.870.000 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do São Francisco

com área de aproximadamente 640 mil quilômetros quadrados:

  • Bacia Hidrográfica do Tocantins-Araguaia

com área de aproximadamente 967.059 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do Paraná

com uma área de aproximadamente 2.583.000 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do Parnaíba

com uma área de aproximadamente 340 mil quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do Uruguai

com uma área de aproximadamente 365.000 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do Paraguai

com uma área de aproximadamente 361.350 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental

com uma área de aproximadamente 287.348 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

com uma área de aproximadamente 254.100 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica Atlântico Leste

com uma área de aproximadamente 374.677 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste

com uma área de aproximadamente 229.972 quilômetros quadrados;

  • Bacia Hidrográfica Atlântico Sul

com uma área de aproximadamente 185.856 quilômetros quadrados.

Conhecendo a pesca esportiva

O Ministério do Turismo classifica a pesca em duas categorias, a comercial e a não comercial.

  • Comercial:

Artesanal: engloba pescadores profissionais, podendo ocorrer de forma autônoma ou em regime de economia familiar. O pescador pode se valer de contrato de parceria e embarcações de pequeno porte;

Industrial: designa a pesca, com finalidade comercial, praticada por pessoa física ou jurídica, envolvendo pescadores profissionais empregados ou em regime de parceria por cotas-partes. Permite o emprego de embarcações de pequeno, médio e grande porte.

  • Não comercial:

Científica: é feita com propósito científico, podendo ser desenvolvida por pessoa física ou jurídica;

Amadora: designa a pesca que objetiva o lazer ou o desporto. Deve ser praticada com equipamentos ou petrechos previstos em legislação específica. Pode ser praticada por brasileiros e estrangeiros;

De subsistência: tem o objetivo de consumo doméstico ou escambo sem fins lucrativos. Deve utilizar petrechos previstos em legislação específica.

Não existe uma definição consensual de pesca esportiva. O uso do termo pode abranger desde pesca em competições até a pesca por hobby. O que podemos dizer com certeza é que sua prática está compreendida dentro da classificação de  pesca amadora.

  • Modalidades de Pesca

Para conhecer melhor o setor é importante saber sobre as diferentes modalidades de pesca. Das catalogadas pelo Ministério do Turismo encontram-se:

• Pesca de barranco –  é uma modalidade praticada na beira  de rios, lagoas, lagos ou represas. Utiliza linha de mão, caniços, varas com molinete ou carretilha, e varas telescópicas.

• Pesca de arremesso – Pode ser feita com iscas naturais ou artificiais. Prevendo o comportamento dos peixes o pescador arremessa a isca nos pontos que ele achar ideais. Nisso ele dá movimento à isca para simular o movimento de um animal, posteriormente recolhendo a linha.

• Pesca de corrico ou trolling –  Uma isca (natural ou artificial) é presa no barco que se movimenta em baixa velocidade. O movimento do barco faz com que a isca parece viva. Normalmente é empregado o uso de varas curtas e fortes, tendo uma melhor performance com o uso de carretilha.

• Pesca de rodada – Utilizando a força da correnteza, o barco desce o rio e a isca o acompanha. Tem se usado varas com carretilha e molinete nessa modalidade.

• Pesca com mosca ou fly fishing – É uma modalidade que faz uso de iscas artificiais que são confeccionadas para imitar a forma de insetos e animais pequenos.

• Pesca Subaquática – É uma técnica que requer o conhecimento de apnéia. Nela não são permitidos equipamentos de respiração artificial. Pode ser feita com ou sem o uso de embarcações. O equipamento necessário abrange máscaras de mergulho, snorkel, nadadeiras e arma (espingarda de mergulho ou arbalete).

Apoio governamental

O Governo Federal tem demonstrado interesse no fomento do setor. Dentre os motivos que o levaram a isso estão a promoção da consciência ambiental que a prática da pesca esportiva traz e o desenvolvimento econômico das regiões que são destino de pesca.

A consciência ambiental é promovida principalmente pela prática difundida do “pesque e solte” dentro da pesca esportiva. O clímax está em capturar o peixe, normalmente utilizando uma fotografia para guardar esse momento. Depois o peixe é solto novamente na natureza. Assim os impactos ambientais da pesca são minimizados e a sustentabilidade, tanto do ecossistema como do negócio são garantidas. Certamente existem elementos de risco como a introdução de espécies exóticas à ictiofauna brasileira, por isso é importante que o setor busque informações, trabalhe junto com os órgãos do governo e observe a legislação. Essa atenção que o Governo têm dado ao setor demonstra o aumento de sua relevância, e se faz sentir na elaboração de políticas públicas de regulação ( como a determinação dos limites de captura e do período de defeso) e fomento.

Em 2015, o Ministério da Pesca e Aquicultura e o Ministério do Turismo já fechavam acordo para a realização de estudos destinados ao desenvolvimento do setor. Em 2016, o MTur participou do seminário Pesca Esportiva e Aquicultura: Participação do Crescimento Social, Econômico e Turístico do Brasil na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). No mesmo ano, o MTur firmou parceria com o Ministério do Esporte e com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o propósito de formar um plano de ação interministerial para fortalecer a relação entre as atividades de pesca e aquicultura e o turismo. As informações coletadas pelo governo são de grande valor e tem ajudado a melhorar a percepção do mercado de pesca esportiva quanto o seu segmento.

Conclusão

O objetivo deste texto foi o de levantar dados através das melhores fontes disponíveis, para demonstrar e divulgar o crescimento do mercado de pesca esportiva no Brasil, fornecendo informações sobre o perfil do segmento, e também  sobre as boas possibilidades que o setor abre para a cadeia produtiva envolvida.

Fontes:

http://www.anepe.org.br/

https://www.sebrae.com.br/

http://www.ibge.gov.br

https://www.ipsos.com

http://www.embratur.gov.br/

http://www.agricultura.gov.br/

http://www.fiesp.com.br/

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